sábado, 14 de maio de 2011

Capitulo IV: Sozinho

            Frank estava sozinho no quarto. Ouvia “Exit Music” do Radiohead, álbum indicado por um grande amigo. Fazia um mês que estava na cidade, e muita coisa acontecera.
            Por algum tempo Frank achava que tudo estava dando certo, e apesar dos primeiros desesperos e da vontade de desistir, algumas vozes encorajadoras foram fundamentais para ele. E sim, Frank havia conseguido algumas coisas mesmo que ainda não o que queria.
            Havia chorado aquele mês o que não chorara desde o inicio do ano, isso porque ele só lembrava de ter chorado uma vez, no final de fevereiro.
            Frank pensou que estaria tomando uma cerveja, se ela não tivesse congelado na geladeira enquanto dormia toda tarde daquele sábado.
            Ao ouvir “Crepuscule With Nellie” de Thelonious Monk, gravado em 1954, muitos sentimentos brotaram, aquele sábado sozinho, a noite, sem cerveja, sem amigos, longe da família e sem seu jazz, apesar de estar ouvindo um. Frank estava realmente deprimido. A cidade não tinha mais o mesmo significado, e ele teria que criar outro. Mesmo que teoricamente isso não fosse um problema para ele, certamente Frank não queria ter que passar por isso.
            Frank se sentia sozinho, como alguém que é roubado, apanha e fica estirado no chão ainda molhado da chuva, sem alguém para te estender a mão e o levantar. E o bandido já fora seu amigo, uma idéia terrível o roubara a canção.
            Mas não só isso, Frank não se sentia apenas roubado. Ele sabia que ele é um problema, ele mesmo. Ele achava, agora, que se roubava toda vez que mudava de idéia. Ele pensou que talvez devesse ficar com todas elas ao invés de deixar uma para ficar com outra, mesmo que isso não fosse logicamente possível, ou aconselhável; bom, existe algo mais logicamente impossível e não aconselhável do que a vida? Frank não sabia ainda. Ser sempre foi um fardo para ele, porque no final ele sempre sabia que o problema era ele mesmo.

2 comentários:

  1. de certa forma uma das vozes encorajadoras ainda pode continuar a ressoar pra Frank.

    e vai. sempre vai.

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  2. Ja discutimos muito meu personagem...ele tem otimismos...vc sabe...

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