sábado, 28 de julho de 2012

Palavras

Palavras. É tudo que temos quando queremos dizer algo. Porém, devemos assumir que elas não são suficientes, e que na verdade, são, na maior parte das vezes, enganosas.
As palavras nos fazem acreditar nas coisas, e formam, com base em seus supostos significados, as percepções das coisas que vemos, ouvimos, pensamos, fazemos, enfim, deu pra entender, né?
O grande problema que desejo salientar nisso, caro leitor, são as dificuldades que as palavras nos apresentam. Como posso eu comunicar sentidos se a maior parte das vezes nem mesmo as palavras sabem os sentidos que tem? O melhor que podemos esperar delas são sentidos mal resolvidos, de uma constante crise de identidade, que, mesmo que involuntariamente, também nos deixam confusos e tiram de nós os sentidos que somente elas poderiam nos dar. Afirmo para você, meu amigo, as palavras são as culpadas de toda nossa incompreensão das coisas! Elas não sabem o que dizem!
Não venha me dizer, você que é adepto das escolas de lógica clássica ou matemática, de pensamentos sensatos e corretos, dito assim como você entende o que essas palavras significam, que somos nós que criamos as palavras, e, por conseguinte, a culpa seria nossa, que também criamos seus significados. Pois de minha vez eu te afirmo que as palavras que nos fizeram, nos mudam, nos reinventam e nos destroem! O que de fato, é o que elas fazem de melhor, destruir. Mas existem seres que constroem, as mulheres. Como isso se dá? Explico-te. As palavras nos inventam, nós homens as usamos, e as mulheres é quem dão os sentidos.
Prova disto? Eu lhes afirmo! Eu posso provar! Porque os homens ainda acreditam que são mais racionais que as mulheres, tendo em vista que de fato essa é uma premissa falsa? Eu digo a razão e o nome disso. Eu chamo de burrice, o homem, arrogante, chama de “propriedades do gênero”. E a mulher chama de... Bom, na verdade elas não estão preocupadas em dar um nome para isso, pois quem é de verdade raramente precisa se afirmar.
Como posso eu, caro leitor, atribuir sentido às coisas se nem mesmo as palavras sabem o que elas significam? A não ser, é claro, que uma mulher o diga, pois nem mesmo as palavras ousam questionar uma mulher, sabido que essas, as palavras, sabem que elas, as mulheres, são as que inventam e determinam os significados.
Devo provar também isso? Insistentes esses leitores de hoje em dia...
Prova-te a ti mesmo da minha verdade, e faça o que digo. Discuta sobre o significado do amor com uma mulher. Explique-a todos os significados possíveis! Os termos e seus respectivos significados na língua grega, as origens latinas, e mesmo a chatice do amor no romantismo alemão. Você pode contar todas as histórias sobre todos os conceitos, recitar os mais belos poemas, as maravilhosas histórias de amor contadas pelos grandes gênios da literatura mundial, até mesmo Goethe e Tolstói, que de fato são chatos, e nada poderia ser dito para questiona-los. Tente caro amigo, e você verá!
Ao investir seu precioso tempo a bajular conhecimento e cultura, e do pleno conhecimento do valor ontológico do belo, do gosto e do amor, contando para sua amada todos esses pormenores, ela ficará encantada, ouvirá cada palavra com os olhos brilhantes, que ofuscarão a sua inteligência e você nem mesmo saberá mais o que diz. Sim caro amigo, sim, afirmo-te, se ela disser que não o ama, todos seus sentidos não valerão de nada!
Percebe? Nós homens não sabemos. As palavras, inocentes e usadas por nós, mal entendem do que delas é feito. E as nossas musas, após nos ouvir, e internamente zombar de todo nosso pedantismo e pusilanimidade, simplesmente não nos amam.
Diga-me, meu amigo, quem inventa os significados das palavras?