quarta-feira, 26 de junho de 2013

Dois Anos

Quanta coisa pode acontecer em dois anos
Mais do que em toda a vida que já foi
Quanto o tempo pode sangrar
Mais que os machucados que ficam
Quanto se pode perder e ganhar
Mais do que a vontade de luta
E assim ainda continuar
Com o tempo atrás e na frente
Quanto pode o caminho passar
E dos passos perder a conta
Ainda assim continuar
Com e sem tudo que foi e pode ser
Nem coração nem pé suprem
Aquilo que a cabeça mal entende
Os dias passam e ainda nem acordar
O sono quase faz perder os sonhos
E acordado não se dar conta do cansaço
Quanta coisa pode acontecer no tempo
Perdido e ganho no espaço
Quanta coisa pode acontecer em dois anos
E se ver de novo perdido no caminho
Quanto o tempo pode ser mais
E menos depois de ter sido
Pois se perde tanto quanto sentido
Se pode ganhar depois de tudo

sábado, 22 de junho de 2013

Meu mundo

Meu mundo não mais se confunde
Por mim mesmo e nem pelo amor
Está torto e incerto de tudo
De nada saber para além do contingente
Esperança e medo

Meu mundo não é só meu ou da minha cabeça
Ele também está confuso e nas ruas

Nesses dias não se houve falar em poesia
Pouco vejo alguém cantar com beleza
Mesmo a esperança me parece falsa
Ela tem, por vezes, causado risos demais
Ainda não vejo sentido

Estou ansioso pelo futuro
Mas receoso de caminhar
O tempo é meu inimigo e companheiro
Como crianças que brigam e faz as pazes o tempo todo

Meu mundo está em briga
Melhor, sempre esteve
Melhor ainda, sempre estará!
Pior, talvez veja, me dou conta, não é meu

De quem é o mundo de que confundo?
Dos incertos, certamente...
Meu mundo se perdeu na terra
Me dou conta estarrecido
Nunca foi meu! Nunca foi meu!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sede



Toda lagrima que ja me fez chorar
Mataria sede de toda gente
Se não fosse de água salgada
Que de nada serve
Apenas mata mais

Pinto fundos de poços
E o fundo de cada poço sou eu
De cada copo que dedico
Á memória que de ti me inebrio
Para esquecer as lagrimas
Que não matam a sede que ficou

Minha sede é o samba que bebi
E esqueci na sarjeta
Cantei uma vez para a lua
E somente a sua luz ouviu
Antes da chuva me despertar
Quando morto cheio de lama

Poema feito com a colaboração, tanto no texto quanto na genial pintura, de Lizandra Santos (http://lizandraliz.blogspot.com.br)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Inútil

Chega o dia que é melhor sofrer quieto
Do que falar palavras inúteis
Chega o dia que é melhor desistir
Do que ter esperanças inúteis
Chega o dia que é melhor engolir mentiras
Do que falar verdades inúteis
Chega o dia que é melhor não ser
Do que ser inútil
Chega o tempo que é melhor não amar
Do que amar inutilmente