segunda-feira, 18 de abril de 2011

Capitulo II: Andando na cidade

(Tempos antes)
           Frank estava andando pela cidade. Era o dia que completava sua primeira semana de habitação no lugar que representava o completo antagonismo de todo o seu ser. E esse antagonismo certamente tinha uma razão. Frank não tinha ganância. Na verdade, o desejo dele era viver na maior simplicidade e completude de ser que é possível a uma mente humana imaginar; A maneira de fazer isso, certamente ele não sabia.
As reflexões na mente de Frank faziam-no ter os olhos cheios de lagrimas. Parou para tomar um café com pão de queijo, como era de costume, e refletia sobre para que lugar da cidade ele seguiria.
Terminando seu café, que achou demasiado caro, pois estava acostumado a pagar a metade do valor em sua cidade natal, Frank seguiu pela avenida principal, por onde já estava caminhando antes. A avenida era grande, e Frank, apesar de estar com disposição e ter tomado seu caro café, ainda estava com o espírito abalado em função de seu dia anterior, quando estava extremamente deprimido, como há muito tempo não acontecia. Mas desistir não poderia ser uma opção, como muitos tentavam mostrar, incentivando sua desventurada ventura; Apesar de ser isso o que mais o instinto o chamava a fazer. Frank continuou sua caminhada pela grande avenida.
Em seus ouvidos tocava uma bela musica que falava sobre a dificuldade que o ser humano tem de ser uma pessoa descente. Em função disso, refletia sobre a inutilidade da vida, pensava essa ser um sofrimento inútil, sem necessidade, que poderia muito bem ter sido evitado, e para muitos como ele, talvez não faria falta. Esse pensamento trouxe mais uma vez lagrima aos seus olhos, sua garganta ficou presa, e creio que de lá não sairia nenhum outro som a não um gemido agonizado de sofrimento espiritual, de quem sofre sem ter palavras, pois seu sofrimento não era somente o seu, mas o compartilhar da infelicidade de todos os que choram.
            Era uma descida, onde já parecia ter avistado o fim do caminho. Mas grande engano foi para Frank pensar que havia chegado a algum lugar, pois estava em uma encruzilhada, onde, além da continuidade de sua avenida, que agora tinha outro nome, havia como opção mais outras quatro direções. Então Frank parou exatamente no meio das cinco opções que o aguardava, e em meio aos seus pensamentos e vontade de choro desesperado, não tendo em mente alguém por perto, com quem poderia compartilhar seus sentimentos, pensou consigo mesmo, e sua alma cantou o seguinte lamento:

Caminhei pela rua, até chegar a uma grande encruzilhada
Ao ver as opções não soube qual caminho pegar
Esse sentimento parece ser comum, e sim, esses são os piores
Em minha frente via a condenação
Do lado direito a perdição
À minha esquerda estava o pior sofrimento
E o passado deve ser superado
Quando dei por mim mesmo, vi que estava em um viaduto
E outra opção me apareceu, a de pular
O melhor caminho poderia ser a negação da vontade
Porém, ir para baixo parecia egoísta demais
Não acabaria com o sofrimento, apenas gerariam mais outros
Afirmaria a vontade de não ser
No êxtase da agonia, com as pernas tremendo, considerando seguir pelo quinto caminho
Um grito de minha mente me levou a levantar as mãos e gritar para que alguém encima a segurasse
Canto que não há caminho, nenhum!
Alguém pegue pela minha mão
Qualquer um que seja
Que não me deixe seguir algum caminho
E para que eu também não pule
Alguém pegue minha mão
Levanto-as para quem quer que seja

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Capitulo II: Som, o artista solitário

 
           Existem muitas histórias, sobre muitas coisas. Uma grande missão da humanidade é atribuir sentido à sua existência. Isso gerou muitos problemas, pois, em razão da necessidade de criar sentido, criou-se também a necessidade de estar certo. E isso é um grande mal para o homem.
            As histórias mais comuns falam de Deus, ou deuses. Essas são as mais aceitas. A modernidade, percebendo a insuficiência de alguns sentidos criados, criou a falta de sentido e até mesmo a falta de necessidade de ter sentido. Mas esses também procuram estar certos. Com isso, podemos perceber que um grande mal é o desejo de estar certo.
Existem, em todas as culturas e em todos os povos, histórias que tentam explicar como o mundo apareceu e qual significado devemos atribuir às desventuras nele correntes. Estranhamente, a busca por esses significados gerou no homem uma vontade terrível de convencer os outros de sua “descoberta”. O que gera grande mal ao homem. Com isso vemos que, pior que querer estar certo, é querer impor isso aos outros.
A necessidade de estar certo e ainda convencer de sua verdade gerou no homem um outro mal, ainda mais terrível que os outros dois anteriores, o interesse de ter os outros sob seu poder. Interesse esse que potencializou todo o mal na humanidade, pois, quando há interesse há também guerra. E esse é o principal mal que assola o homem, o interesse.
Tendo visto essas grandes e terríveis maledicências que assolam o ser humano Som resolveu falar à Ideia a respeito de seu nascimento. Para que o homem entenda que ele não existe para ser e sim para não ser. Ideia tornou-se, assim, um grande profeta.
Som é, ao contrario do que se possa dizer, o criador de toda arte. A sua origem ainda é desconhecida, mas se sabe que ele ainda fala aos homens; Somente não sabemos ainda ao certo o que ele diz. Nossa história pretende contar, de forma certamente equívoca, o que Som tem dito à Ideia, nosso amigo já conhecido.
Conta-se que Som nunca nasceu. Seria ele eterno, nunca foi criado, nunca viu algo antes dele mesmo. Ele nunca apareceu, nunca surgiu, simplesmente sempre foi. Sendo assim, ele teria sempre ecoado pelo espaço infinito e obscuro sem ninguém para ouvi-lo. Imagino que seria demasiado triste ecoar tão livremente pelo infinito ouvindo sempre somente a si mesmo. Outra coisa que se acredita hoje, para tentar explicar esta terrível desventura, é a inexistência do tempo na perspectiva de Som. Ou seja, talvez ele não conhecesse o tempo. O que me parece estranho, pois toda musica tem compasso. Essas idéias nos são apresentadas normalmente em casas onde se canta alegremente. Essa gente feliz gosta de cantar para pedir à Som pela sua alma e seus interesses. Nossa história também falará dessas pessoas. Os que se dizem ouvintes.
            Existe também uma versão que afirma a inexistência de Som. Os que tal idéia defendem alegam que do acaso houve um grande peso no vazio, que por sua vez, ao não agüentar mais segurar a si mesmo caiu e gerou um grande barulho. Esse barulho teria gerado elementos que criaram seres com capacidade de criar e que por sinal criou um ser que os teria criado. Um ser que cria e que não foi criado me parece demasiado absurdo. Porém, esses também tem seus méritos. Nossa história também falará dos que se dizem surdos.
A origem de Som é um mistério para todo aquele que hoje em dia reflete sobre seu significado. Como poderia a própria arte nunca haver surgido? Como poderia o Som ter ecoado por tanto tempo e agüentar tamanha solidão? Ou mesmo, como poderia não haver Som, se a arte nos é tão evidente?
            Existem mesmo muitas idéias a respeito do nascimento do Som. Sendo ele criador ou apenas uma idéia criada. Acredita-se em muitas coisas, para o bem ou para o mal, infelizmente, na maior parte das vezes para o mal. A pura arte desinteressada se transformou em artigo de manipulação, de interesse. Hoje quem diz ouvir Som tenta impor sua concepção a todos, e quem não o ouve, ou pensa não ouvir, se acha mais inteligente, e vendem muitos livros.
            Contaremos uma nova história sobre Som e seu melhor amigo, Ideia. Essa história, ao contrário de todas as outras, não atribui para si valor de verdade e seu contador não espera estar certo. Afinal de contas, todas as pessoas têm sua maneira de ver as coisas, sempre equivocada, é claro. Essa história é resultado de anotação e observações das musicas e seus instrumentos - a saber, o mundo e as pessoas - de acordo com revelação recebida por Idéia, e aqui nos é revelada.
Quando se pensa e escuta, seja o que for, se o significado que já existente não for suficiente para si mesmo, crie outro que o seja. Esse é um importante ensinamento que Som serviu à Idéia.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Capiulo I: Café

- Um café, por favor.
- E para o senhor? – Perguntou a jovem e bonita, porém cansada, garçonete.
- O mesmo, mas com leite, por favor.
- Anotado! – disse a garçonete, com muito animo, como se tivesse atendendo um homem famoso, mas que ao se virar não deixou esconder um suspiro.
- Garçonete simpática essa, não é mesmo? – Disse Frank, coçando sua grande barba e considerando a respeito da estranheza do comportamento da moça.
- Você sempre desconfiado – disse Érico - Deve-se aprender a acreditar que existem pessoas que, mesmo não gostando do que fazem, o faz com vontade.
- Sim Érico. Porém, o rosto da moça não esconde o sofrimento que a aflige. Garanto que ela não gosta, e tão pouco acredita no que faz, e depende desse posto para alcançar algo maior, que talvez seja seu sonho, ou mesmo uma melhor oportunidade que almeja.
- Você pode ter razão Frank, mas a postura da moça, com sua firmeza e disposição mostrou não somente isso que você disse, mas também um puro reconhecimento da necessidade que a impele à esta condição.
- Necessidade, disse bem, uma palavra que me leva ao termo desventura.
- Correto, Vejo que depois de tanto tempo, nosso intelecto ainda permanece em conexão.
- O seu café está bom? O meu tem mais leite que caneca!
- Você sempre desconexo, Érico – Disse Frank, soltando uma risada espontânea, porém ainda mostrando reflexão a respeito da moça.
- Velho Frank, se ainda fossemos jovens, juro que acreditaria estar você interessado pela moça.
- E você sempre devasso e garanhão! Não percebe a profundidade do que presenciamos aqui? Não devemos nos deixar adormecer diante da desventura humana.
- Tente esquecer a desventura por algum momento, Frank. Parece que ainda tem 24 anos!
- Você cresceu demais Érico. O motivo de me incomodar com as mesmas coisas, ainda depois de tanto tempo, é que as mesmas coisas ainda acontecem.
- Sim, e ainda não fomos capazes de fazer nada a respeito.
- Mais alguma coisa, senhores? – Perguntou furtivamente a garçonete, olhando atentamente para o rosto de Frank, como se estivesse atendendo ao querido pai.
- Sim, diga-me seu nome, por favor.
A garçonete olhou com olhar de desconfiança, porém, em seu coração havia uma confiança que não sentia ha muito tempo.
- Cristina, meu nome é Cristina.
Frank não pode deixar de perceber uma lagrima correndo entre os olhos da linda moça.
- O que lhe aflige Cristina, e porque chora diante de minha pergunta?
- Estou nessa cidade ha um ano, e meu chefe ainda erra meu nome.
- Mas um nome tão simples e comum como o seu? – Perguntou Érico, não escondendo estar atônito.
- Isso de pouco importa Érico – Disse Frank, quase com Riva de seu amigo.
Ao voltar os olhos para Cristina, percebeu que já atendia em outra mesa, mas ainda não recuperada de sua emoção.
O café de Frank já havia esfriado, e Érico, que insatisfeito com o sabor de seu café com leite, nem havia sorvido mais um gole.
- Deixemos o café, e vamos tomar uma cerveja – disse Érico.
Transtornado com tamanha insensibilidade de Érico. Frank pegou seu chapéu, ainda molhado da chuva, e disse:
- Você cresceu muito querido amigo, mas pouco mudou de idéia.
O rosto de Érico não escondeu a vergonha que sentia, pois ele sabia exatamente do que falava seu amigo.
Frank chamou Cristina, com o intuito de pagar o café, que nem chegou a tomar. E ao entregar os R$ 6,20, pois pagaria os dois cafés. Disse à Cristina:
- Bem sei o que passa, e seja qual for seu objetivo aqui nessa cidade, que também não é minha, te ajudarei como se fosse minha filha, e ninguém jamais esquecerá seu nome.
Frank pagou a conta. Deixou seu contato com a agora desconcertada, porém esperançosa Cristina, e saiu sem mais nada dizer. Estava tão desconcentrado diante do que vivera que nem se lembrou de despedir-se do amigo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Capitulo I: O nascimento de Ideia

Havia somente neblina, uma fumaça branca e muito densa, como uma parede, ou mais, como ferro. Mas não era dura, quer dizer, não era sólida, pois eu conseguia me mover livremente. E apesar do aparente sufoco, me sentia livre, à vontade. Porém, em razão da neblina, eu não conseguia ao menos olhar meu próprio corpo.
A neblina não tinha odor, nem mesmo calor, era apenas uma fumaça branca, que me envolvia completamente. Apesar disso eu não me senti sufocado, conseguia respirar tranquilamente, meus pulmões pareciam nunca ter funcionado tão bem, e certamente nunca o tinham.
            Dei-me conta de mim mesmo e comecei a andar. Não houve nenhuma dificuldade, para dizer a verdade, nem mesmo sentia meus pés tocarem o chão, por sinal, eu não avistava o chão. Comecei a caminhar e parecia não ir para lugar algum, como um bêbedo que caminha dirigido pelo instinto. Tudo começou a me parecer estranho, mesmo que eu ainda não soubesse o verdadeiro significado dessa palavra. Tentei tocar em algo ao meu lado, nem que fosse uma parede para me guiar, mas não encontrei nada. Fiquei assustado e pensei:
- Tentarei me guiar pelo chão, talvez alguma textura diferente me sugira algum caminho.
Abaixei-me, e ao tentar tocar o chão, nada encontrei. Meu coração se acelerou, comecei a achar tudo aquilo realmente muito estranho. Mas ainda não era o pior, pois ao tentar avistar o chão percebi que eu não tinha pés, nem pernas, enfim, não achei meu corpo. Rapidamente, como num reflexo natural, tentei avistar minhas mãos, mas em função da neblina (pelo menos assim achei eu a principio) não consegui avista-las. Logo em seguida tentei tocar meu corpo, mas nada encontrei. Dei conta de que talvez eu não fosse nada, talvez eu não existisse. Mas eu estava lá! Pensava e discernia tudo que acontecia, mesmo que não fosse capaz de compreender.
            Quando percebi minha condição, de inicio fui tomado pelo desespero. Tive vontade de gritar por socorro, mas não conhecia, ainda, alguém que poderia me acudir. Pensei em correr, e tentar novamente chegar a algum lugar, mas já havia tentado achar algo, e não tive sucesso, por isso desisti. Essa condição faz-me travar, como uma maquina que tem suas engrenagens agarradas por falta de óleo. Diria que meu corpo parou, se eu tivesse ou mesmo sentisse ter algum. Eu estava vazio, sim, vazio, talvez seja esse o termo. É difícil dizer com me sentia, pois na ocasião eu não dispunha das palavras que temos hoje. É difícil nomear posteriormente algo que aconteceu, quando não entendido o acontecido no devido momento em questão. Na verdade, não havia palavra alguma, é difícil criar nomes para o que sentimos, este é um trabalho árduo. É estranho pensar nisso, não ser nada, e ter pensamentos, palavras soltas. Se eu entendesse alguma palavra nesse momento, é o que eu seria palavras voadoras, soltas, livres e sem destino. Seria interessante.
Não era isso, eu não era uma palavra, pois apesar de não as conhecer, ainda, eu sabia das coisas, somente não sabia o que eram. Não tinha consciência de mim, não sabia nada sobre nada. Acho que algo terrível para quem existe é não saber quem ou o que é. Eu não sabia.
Não me restou outra opção, parei e comecei a pensar. Foi a primeira lição que aprendi. Quando não entendemos algo, quando estamos desesperados, quando não temos, ou não sabemos à quem chamar, quando tudo parece, ou de fato é uma mentira, e todas essas desventuras que conhecemos ao existir nos faz pensar em desistir, o que nos resta fazer é pensar.
            O pensamento me tomou por completo, perdi noção de mim mesmo, perdido em minhas idéias. Meus pensamentos me levaram a questionar e tentar entender o que estava acontecendo, mas logo percebi que era inútil ter tais pensamentos neste momento, pois eu ainda nem sabia como olhar para mim mesmo, como poderia entender sobre o que me rodeava? Mesmo não tendo, ainda, nada a minha volta. Refleti então a respeito de mim mesmo.
Já havia tentado olhar para meu corpo, e não tinha visto nada, na verdade eu nem ouvia minha própria voz, na hora nem mesmo sabia o que era isso. Pensei seriamente no que eu era, e percebi que eu não era nada além de uma ideia. Foi assim que descobri quem sou, Ideia.
Este nome me pareceu muito interessante, me veio como que por uma inspiração, talvez até tenha sido isso mesmo. Descobrir, ou inventar quem sou foi algo realmente importante, pois abriu caminhos para o passo seguinte, formar quem sou. Não foi necessário criar muito, e não demorou muito tempo. Apesar de já estar ficando bom naquela coisa de pensar, descobri também que isso não resolveria todos meus problemas, pois pensar fez eu me encontrar comigo mesmo, mas ainda faltava algo, ou alguém. Foi quando tentei novamente olhar para fora, como um peixe em um aquário imaginado quem o colocou ali. Teria que descobrir como apareci, como, enfim, foi meu surgimento, e o porquê de tal realização, Foi quando conheci meu primeiro amigo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Doente

- Venha minha amada, pois tenho algo a lhe dizer.
- Pois diga antes que esqueça. Bem sei que sua mente não tem estado em bom funcionamento.
- Não só a mente mas também todo meu corpo e minha alma. Essa também é a razão e a importância do que tenho a lhe dizer.
- Pois sem mais delongas. Diga tudo, com toda força que seu espírito lhe conceder.
- Estou terrivelmente enfermo.
- Não esconda mais de mim, que mal o possui?
- Uma doença terrivelmente grave, que por sinal pode me matar. Uma doença que me deixou perdido, que me abriu os olhos e dilatou minhas pupilas de tal forma que não mais enxergo com coerência. Porém, se trata de uma doença que faz com que o sofrimento da vida seja suportável, mesmo sendo esta finda. Uma perdição que me condenou.
- E o que pode ser feito a respeito disso, querido?
- Não há remédio.
- Que mal é esse? Nada pode ser feito para que se obtenha a cura?
- Pois lhe digo, e peço que não mais me interrompa com perguntas inúteis! Não há cura! O único fim possível e o falecimento dos sentidos. Entretanto não se assuste por completo, pois a morte causada me torna mais vivo. Depois de morto por essa doença, a vida se torna real
- Onde queres chegar com essa estranha lamúria?
- Fui infectado porém não desejo a cura, essa doença me mantém vivo
- Coisas estranhas têm dito, creio que não estás em harmonia com você mesmo.
- Entenda! Digo-lhe que esta doença que me atingiu de maneira tão intensa é e tamanho antagonismo e mesmo paradoxo que hoje melhor me compreendo. É a melhor e unicamente significante coisa que já me ocorreu.
- Pois aproveite seu estado de completa loucura e me diga de uma vez que mal é esse, para que eu não lhe interrompa, e você não mais me importune.
- É o amor! Esse mal terrível! Que de tamanha a tragédia o belo se torna evidente. Essa doença que de tamanha mortalidade me faz querer viver somente para agonizar em seus calorosos braços, sentindo o calor do seu corpo, que ameniza a terrível dor que essa doença me causa.
- (Silêncio)
- Não pode haver outro fim para esse meu mal a não ser gozar por toda eternidade do remédio que tens para mim, sem o qual certamente morreria brevemente.