quinta-feira, 7 de abril de 2011

Capiulo I: Café

- Um café, por favor.
- E para o senhor? – Perguntou a jovem e bonita, porém cansada, garçonete.
- O mesmo, mas com leite, por favor.
- Anotado! – disse a garçonete, com muito animo, como se tivesse atendendo um homem famoso, mas que ao se virar não deixou esconder um suspiro.
- Garçonete simpática essa, não é mesmo? – Disse Frank, coçando sua grande barba e considerando a respeito da estranheza do comportamento da moça.
- Você sempre desconfiado – disse Érico - Deve-se aprender a acreditar que existem pessoas que, mesmo não gostando do que fazem, o faz com vontade.
- Sim Érico. Porém, o rosto da moça não esconde o sofrimento que a aflige. Garanto que ela não gosta, e tão pouco acredita no que faz, e depende desse posto para alcançar algo maior, que talvez seja seu sonho, ou mesmo uma melhor oportunidade que almeja.
- Você pode ter razão Frank, mas a postura da moça, com sua firmeza e disposição mostrou não somente isso que você disse, mas também um puro reconhecimento da necessidade que a impele à esta condição.
- Necessidade, disse bem, uma palavra que me leva ao termo desventura.
- Correto, Vejo que depois de tanto tempo, nosso intelecto ainda permanece em conexão.
- O seu café está bom? O meu tem mais leite que caneca!
- Você sempre desconexo, Érico – Disse Frank, soltando uma risada espontânea, porém ainda mostrando reflexão a respeito da moça.
- Velho Frank, se ainda fossemos jovens, juro que acreditaria estar você interessado pela moça.
- E você sempre devasso e garanhão! Não percebe a profundidade do que presenciamos aqui? Não devemos nos deixar adormecer diante da desventura humana.
- Tente esquecer a desventura por algum momento, Frank. Parece que ainda tem 24 anos!
- Você cresceu demais Érico. O motivo de me incomodar com as mesmas coisas, ainda depois de tanto tempo, é que as mesmas coisas ainda acontecem.
- Sim, e ainda não fomos capazes de fazer nada a respeito.
- Mais alguma coisa, senhores? – Perguntou furtivamente a garçonete, olhando atentamente para o rosto de Frank, como se estivesse atendendo ao querido pai.
- Sim, diga-me seu nome, por favor.
A garçonete olhou com olhar de desconfiança, porém, em seu coração havia uma confiança que não sentia ha muito tempo.
- Cristina, meu nome é Cristina.
Frank não pode deixar de perceber uma lagrima correndo entre os olhos da linda moça.
- O que lhe aflige Cristina, e porque chora diante de minha pergunta?
- Estou nessa cidade ha um ano, e meu chefe ainda erra meu nome.
- Mas um nome tão simples e comum como o seu? – Perguntou Érico, não escondendo estar atônito.
- Isso de pouco importa Érico – Disse Frank, quase com Riva de seu amigo.
Ao voltar os olhos para Cristina, percebeu que já atendia em outra mesa, mas ainda não recuperada de sua emoção.
O café de Frank já havia esfriado, e Érico, que insatisfeito com o sabor de seu café com leite, nem havia sorvido mais um gole.
- Deixemos o café, e vamos tomar uma cerveja – disse Érico.
Transtornado com tamanha insensibilidade de Érico. Frank pegou seu chapéu, ainda molhado da chuva, e disse:
- Você cresceu muito querido amigo, mas pouco mudou de idéia.
O rosto de Érico não escondeu a vergonha que sentia, pois ele sabia exatamente do que falava seu amigo.
Frank chamou Cristina, com o intuito de pagar o café, que nem chegou a tomar. E ao entregar os R$ 6,20, pois pagaria os dois cafés. Disse à Cristina:
- Bem sei o que passa, e seja qual for seu objetivo aqui nessa cidade, que também não é minha, te ajudarei como se fosse minha filha, e ninguém jamais esquecerá seu nome.
Frank pagou a conta. Deixou seu contato com a agora desconcertada, porém esperançosa Cristina, e saiu sem mais nada dizer. Estava tão desconcentrado diante do que vivera que nem se lembrou de despedir-se do amigo.

2 comentários:

  1. esperando ansiosamente pelo próximo capítulo

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  2. fica mesmo...e não tem revista de fofoca pra dizer o que vai acontecer não!!!kkk

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