segunda-feira, 4 de abril de 2011

Doente

- Venha minha amada, pois tenho algo a lhe dizer.
- Pois diga antes que esqueça. Bem sei que sua mente não tem estado em bom funcionamento.
- Não só a mente mas também todo meu corpo e minha alma. Essa também é a razão e a importância do que tenho a lhe dizer.
- Pois sem mais delongas. Diga tudo, com toda força que seu espírito lhe conceder.
- Estou terrivelmente enfermo.
- Não esconda mais de mim, que mal o possui?
- Uma doença terrivelmente grave, que por sinal pode me matar. Uma doença que me deixou perdido, que me abriu os olhos e dilatou minhas pupilas de tal forma que não mais enxergo com coerência. Porém, se trata de uma doença que faz com que o sofrimento da vida seja suportável, mesmo sendo esta finda. Uma perdição que me condenou.
- E o que pode ser feito a respeito disso, querido?
- Não há remédio.
- Que mal é esse? Nada pode ser feito para que se obtenha a cura?
- Pois lhe digo, e peço que não mais me interrompa com perguntas inúteis! Não há cura! O único fim possível e o falecimento dos sentidos. Entretanto não se assuste por completo, pois a morte causada me torna mais vivo. Depois de morto por essa doença, a vida se torna real
- Onde queres chegar com essa estranha lamúria?
- Fui infectado porém não desejo a cura, essa doença me mantém vivo
- Coisas estranhas têm dito, creio que não estás em harmonia com você mesmo.
- Entenda! Digo-lhe que esta doença que me atingiu de maneira tão intensa é e tamanho antagonismo e mesmo paradoxo que hoje melhor me compreendo. É a melhor e unicamente significante coisa que já me ocorreu.
- Pois aproveite seu estado de completa loucura e me diga de uma vez que mal é esse, para que eu não lhe interrompa, e você não mais me importune.
- É o amor! Esse mal terrível! Que de tamanha a tragédia o belo se torna evidente. Essa doença que de tamanha mortalidade me faz querer viver somente para agonizar em seus calorosos braços, sentindo o calor do seu corpo, que ameniza a terrível dor que essa doença me causa.
- (Silêncio)
- Não pode haver outro fim para esse meu mal a não ser gozar por toda eternidade do remédio que tens para mim, sem o qual certamente morreria brevemente.

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