quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Capítulo X - Ainda Caminhando

     Enquanto caminhava pela rua, correndo, subindo e descendo escadas, atravessando ruas e passando entre as pessoas, dentro e fora do transporte coletivo, segurando desajeitadamente sua caneta e um velho e amassado punhado de papel que compunha um estapafúrdio bloco de notas, Frank escrevia para o seu ainda amigo:

Não espero seu favor; penso, não seria justo.
Agrada-me sua companhia. Nada deve privar-me da presença do meu companheiro.
Não espero que me mostre o caminho, ou que esteja à frente dele, mas não me prive de ouvir de perto sua respiração, também esbaforida pelo cansaço em razão da árdua caminhada.
Não peço que me pegue pela mão, mas é fundamental sentir seu toque.
Cante comigo, mesmo que apenas suspirando, mas não me prive de ouvir sua canção, cansada e agonizada de amor.
Espero nada mais, mas pouco além, que esteja comigo.
Estenda comigo a mão que nada tem a oferecer.
Trilhe comigo os caminhos, mesmo que não os possa conhecer.
Enfim, caro amigo, permaneça suave e presente.
Procurarei lembrar-me do som de seus passos quando pensar que está ausente.
Caro amigo encantador, seu amor é uma canção incrível.
E como não poderia deixar de ser, isso lhe escrevo por todos, pois somos cansados.
Pretendamos permanecer sensíveis, para perceber no vento, ainda, sua respiração.

2 comentários:

  1. que coisa linda!!! gostei mesmo!! mas tem certeza que essas mãos não tem nada a oferecer? as mãos que eu tento segurar me oferecem tanto!

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  2. O texto fala da mão do personagem...seu interlocutor estende a mão em companheirismo...

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