O dia estava cinza e chuvoso, como qualquer outro,
característico do falso verão que engana os moradores da cidade. Tanto o metrô
como o ônibus não estariam lotados, talvez em razão da iminência do carnaval.
Na verdade, creio que sim. De fato era um dia comum, mas não normal. Frank
vinha já de dias de agonia e conflitos sem nome, porém sem deixar de tentar
vislumbrar o “verde como o céu azul, a esperança” como diria Cartola e um de
seus sambas.
Tendo acordado não tão cedo e ainda assim de pouco
dormir, Frank se dirigiria para o outro lado da cidade, onde um momento simples
de almoço alimentaria também seu amor, certamente cheio de fome.
Enquanto esperava o ônibus, segunda condução já a tomar
em tão breve tempo, um homem simpático claramente perdido pergunta:
- Santana? – Frank tira
de seus ouvidos os fones e ouve o forte som da chuva em meio aos carros e
buzinas, normais na cidade, e diz – Você pode pegar o metrô - Ao que o outro
retruca – E o metrô vai para Casa Verde? - O ônibus pra lá acabou de passar,
mas ele passa aqui sim.
Como se nada tivesse acontecido, mas se sentindo
familiarizado com a cidade pois soube informar ao peregrino algo para outros
talvez não tão simples, Frank volta a colocar seus fones de ouvido e percebe que
uma de suas musicas preferidas estava tocando. A linda musa do Brasil, Elizeth
Cardoso.
Tendo entrado no ônibus não foi difícil arrumar um lugar
para sentar, e aproveitando estar devidamente instalado deu-se ao rápido
trabalho de trocar de música, e desfrutava daquela poesia.
Alguns minutos depois, já perto de
seu destino Frank percebe que as pessoas o encaravam, atônitas, com fisionomias
preocupadas. Foi quando um corajoso fez a pergunta que todos queriam fazer –
Porque está chorando rapaz? Tudo bem? – Frank olha para os lados e percebe sua
estapafúrdia situação e calmamente responde – Está tudo bem sim, apenas estou
ouvindo Cartola.
Cartola é desses que embeleza a vida com música que faz chorar. :)
ResponderExcluirCertamente dona!
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