segunda-feira, 4 de março de 2013
A barata
Fui ao banheiro e pisei em uma
barata. Crente de que a tinha matado, lavei minhas mãos e comportei-me em meus
aposentos. Depois estava tomando uma cerveja com um amigo, conversando sobre desventuras da vida e ouvindo belos sambas. Como
qualquer bom bebedor que se preze, o banheiro é seu lar, pois toda hora de si quer
sair o que bebeu. Foi quando avistei a barata a ainda se mover, cheia de vida,
querendo ir embora. Lembrei-me de mim e de minha vida, de Kafka e de suas viagens, de meus desânimos e minhas esperanças. Sou barata movendo articulações. Meu
sangue é amarelo e gosmento. Minha vida é insignificante e fugaz. Mas quando
voltarem ao lavador, lá estarei movendo minhas pernas.
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